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Férias Frustradas vem imbuído do humor incorreto do filme original

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National Lampoon era uma revista americana satírica que foi publicada de 1970 a 1998 e teve seu auge nos anos 70, quando foi uma forte influência no humor norte-americano e gerou derivados no rádio, TV, cinema e mídia impressa. A paródia era claramente a base, mas também havia um viés surrealista permeando o conteúdo da Lampoon. Durante a década de 1970 e início de 1980, foram feitos como spin-offs do conteúdo original da revista para o cinema, utilizando a sua equipe criativa.

O primeiro lançamento nos cinemas foi “Clube dos Cafajestes”, de 1978. Estrelado por John Belushi e escrito por Doug Kenney, Harold Ramis e Chris Miller, tornou-se o filme de comédia de maior bilheteria de todos os tempos até então. Inúmeros filmes foram posteriormente feitos usando “National Lampoon” como parte do título, muitos deles sequer eram projetos relacionados com a revista, já que a essa altura, a marca podia simplesmente ser licenciada por qualquer empresa mediante pagamento de uma taxa. Daí vieram os anos 90 e o políticamente correto jogou para escanteio o estilo da Lampoon e a comédia se dividiu em duas vertentes: a romântica e a imbeciloide.

Mas na última década houve uma espécie de renascimento daquele humor anárquico por meio de filmes como “O Virgem de 40 Anos”, “Superbad: É Hoje”, “Se Beber Não Case”, “Ligeiramente Grávidos”, e outros. Era o contexto perfeito para ressuscitar uma das franquias de comédia mais famosas dos anos 80, “Férias Frustradas”, ou “National Lampoon’s Vacation” no original. O filme de 1983 era uma adaptação de um conto escrito por John Hughes (que viria a se tornar o papa do cinema adolescente) chamado “Vacation ‘58”.

Estrelado por Chevy Chase e dirigido pelo mesmo Harold Ramis de “Clube”, o filme sobre a inglória viagem da família Griswold ao parque temático Walley World (uma sátira corrosiva da Disneylândia) rendeu, impulsionado por seu sucesso financeiro, três continuações: “Férias Frustradas na Europa” (1985), “Férias Frustradas de Natal” (1989) e o último estrelado por Chevy Chase, “Férias Frustradas Em Las Vegas” (1997). E ainda houve o curta “Hotel Hell Vacation”, de 2010.

vacationO novo filme da franquia, “Férias Frustradas” (Vacation, EUA/2015), configura-se na atual leva de filmes que são mezzo continuação, mezzo reboot como “Jurassic World” e “Mad Max: Estrada da Fúria”. Passados 30 anos da fatídica viagem à Walley World, Rusty Griswold (Ed Helms), ciente de que sua esposa Debbie (Christina Applegate) se ressente pelo casamento ter caído na rotina e de que seus filhos James (Skyler Grisondo) e Kevin (Steele Stebbins) não se entendem, tem a ideia de resolver os dois problemas de uma vez levando a família para uma excursão de carro até o parque temático, como fizera com seus pais e sua irmã no filme original.

O acerto do novo filme está em manter viva a acidez do original fazendo sátira até mesmo com a ideia da continuação/reboot. No momento em que Rusty anuncia os planos de repetir a experiência que teve quando criança, Debbie lhe pergunta para que fazer tudo de novo e o filho mais novo diz que nem sabe nada sobre a viagem original, piada certamente dirigida ao público jovem que não era nascido na época do primeiro filme.

Os coadjuvantes também contribuem para a graça da história, como o piloto da companhia aérea classe A que tira onda com Rusty, piloto de uma companhia de voos domésticos, o guia de canoagem no Grand Canyon, o galã rústico tio Stone – vivido pelo Thor Chris Hemsworth – e a participação de Chevy Chase e Beverly D’Angelo, protagonistas do filme clássico de volta aos papeis originais. A queixa que fica é pelo fato de não terem convocado Anthony Michael Hall, o primeiro Rusty, para retomar o personagem (Adam Sandler era a primeira opção), e nem Dana Barrow para reprisar o papel de Audrey, que neste ficou a cargo de Leslie Mann. Tudo bem que os filhos dos Griswald foram mudando de intérpretes ao longo da franquia, mas, nesta retomada, todo o elenco original poderia se reunir como homenagem.

_H9C6827.DNGO novo “Férias Frustradas” teria tudo para não funcionar se caísse em mãos erradas. Felizmente os diretores John Francis Daley (que nasceu dois anos depois do primeiro título) e Jonathan M. Goldstein, que também assinam o roteiro, souberam conduzir a trama respeitando o espírito anárquico do clássico dos anos 80, trazendo sem papas na língua, literalmente, a fanfarronice dos bons tempos em que não se precisava pensar duas vezes antes de fazer uma piada.


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